Cobrança
das corridas de táxi na Região Metropolitana será regulamentada
A
Secretaria Estadual de Transportes decidiu regulamentar a cobrança de corridas
de táxi entre municípios da Região Metropolitana, do Rio para Niterói, por
exemplo. O secretário Carlos Roberto Osório diz que, hoje, cada motorista age
de um jeito.
“Uns cobram uma taxa adicional de 10%, outros acionam a bandeira
dois”, afirma. Ele quer também reduzir o prazo para aferição dos taxímetros.
Isto, para tirar de circulação aquela tabela utilizada sempre que há um aumento
na tarifa.
Fonte: O Dia
Após rodar o mundo expondo fotos sobre o avô, Kadu, neto de
Niemeyer, hoje é taxista
Quem é fã
do arquiteto Oscar Niemeyer provavelmente já visitou alguma dessas exposições
de fotos: “Niemeyer por Niemeyer”, “Oscar Niemeyer: arquiteto, brasileiro,
cidadão” e “Oscar Niemeyer — 100 anos: poética da forma”. Era um trabalho em
família: o autor das imagens, Carlos Eduardo Niemeyer, o Kadu, rodou o Brasil e
o mundo ao lado do avô para expor registros das mais célebres obras do
arquiteto. Ganhou reconhecimento e muito dinheiro. Morou em Paris e expôs em
países como Rússia, Itália, Japão e Chile. Hoje, no entanto, não é preciso ir
tão longe para conseguir conversar com o fotógrafo. Pouco mais de três anos
após sua última mostra, na Argentina, Kadu, de 60 anos, pode ser encontrado na
Praça Santos Dumont, no Baixo Gávea, onde trabalha como taxista.
A reviravolta na história ocorreu depois que ele passou a
fotografar moda. Ao mesmo tempo, começou a se dedicar a um livro de sua
autoria, “Curvas”, ainda sobre o avô. Foram quase quatro anos de produção, e a
procura por patrocinadores continua. Durante esse tempo, Kadu, que é filho da
decoradora Anna Maria Niemeyer, a única filha do arquiteto, viu sua renda
encolher, o patrimônio da família teve uma redução de cerca de 80%. Foi quando
nasceu a decisão de se tornar taxista:
As primeiras semanas foram muito difíceis, deprimentes. Eu
perguntava o que estava fazendo atrás de um volante. Mas foi apenas um choque
inicial. Hoje, trabalho no ponto não só por necessidade financeira, mas por
prazer. Mesmo se voltar a expor, não pretendo largar o táxi. Aqui fiz grandes
amigos, além de ser uma profissão digna como qualquer outra.
A rotina é difícil, começa às 7h e não tem hora para acabar. Mas,
mesmo circulando pelas ruas da cidade, Kadu não perde o contato com sua arte.
Ele conta já ter três convites para expor suas fotos, um deles em Genebra
(Suíça).
Também devo apresentar meu trabalho em Recife e Mato Grosso. Quero
continuar expondo. É o que sei e gosto de fazer. Mas estou muito feliz aqui (no
táxi). Amo esse contato com as pessoas.
Fonte:
O Globo
Belo Horizonte: Taxistas
fazem protestam com carreata
A
equipe do Taxinforme com André de Oliveira (do táxi) e da AAMOTAB (Associação
de Assistência ao motorista de Táxi do Brasil), se reuniram a centenas de
taxistas pra protestar contra os transportes clandestinos e pelo direito em
transitar nas vias do Move (BRT), na manhã de quarta-feira (28/01), no Centro
de Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Militar (PM), 600 motoristas
seguiam pela Avenida Afonso Pena em direção à prefeitura, por volta das 11h.
Os
profissionais se reuniram na Praça da Estação e seguiram em carreata até a
porta da sede da Prefeitura de BH. A manifestação também é contra os
aplicativos de celular que tornam desleal a concorrência dos motoristas e
segundo os taxistas, confundem os passageiros. Eles querem a proibição dessas
ferramentas na capital. O
grupo protestou de forma pacífica, com buzinas e fogos de artifício.
O Sindicato dos Taxistas informou não estar à frente da manifestação. Por fim, os taxistas querem uma satisfação sobre a redução de vagas de táxis na área central de BH.
A Empresa de Transportes e Trânsito (BHTrans) esclareceu que mantém um fórum permanente de negociação com os taxistas e que a liberação das pistas está em discussão.
A Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e a Polícia Militar, responsáveis pela fiscalização do transporte não se pronunciaram.
Taxista que mora no Rio
conta como sobreviveu a campos de concentração nazistas
“Tenho 84 anos,
sou casado, tenho filhos, netos e bisnetos. Quase morri diversas vezes. O
número de identificação dos campos está no meu braço até hoje. Morei em Israel,
cheguei ao Brasil aos 28 anos, fui camelô, fui taxista, mas já me aposentei.
Hoje moro na Lapa. É bom ter uma vida normal aqui”,
diz um polonês que sobreviveu a execução da família.
Conte algo que não sei.
A vida vale a pena. Ou, se não fosse
assim, eu não estaria aqui. Achei que fosse morrer várias vezes. Há coisas que
aconteceram no Holocausto que a gente nem consegue dizer. Só Deus sabe o que
sofri e vi.
O senhor perdeu toda a família. Como
foi isso? Conseguiu saber o que aconteceu?
A gente vivia na Polônia. Eu tinha nove
anos. Os alemães encontraram primeiro meu pai e meu tio, que tinham uma loja de
sapatos. Foram levados para a guilhotina. Eu tinha três irmãos — um de sete
anos, uma de três e a menor, de seis meses. Ficamos escondidos no porão com
minha mãe. Um dia fui comprar comida e os alemães me viram.
O que aconteceu então?
Eles nos levaram para uma fila onde
matavam judeus. Quando chegou a vez da minha mãe, pegaram minha irmã menor,
jogaram para o alto e atiraram na cabeça. Eu disse a mamãe, aos berros, que não
ia oferecer a eles minha cabeça e saí correndo. Acertaram no abdômen. Só tirei
a bala no Brasil, aos 28 anos. Corri para a mata, lá encontrei um grupo e, a
partir daí, virei soldado. Aprendi a mexer com armas. Nunca mais soube da minha
família e acho que todos morreram naquela época.
Pode descrever sua vida no campo de
concentração?
Passei por vários. Fui escolhido para
morrer com patrícios em diversas oportunidades, mas sempre consegui escapar.
Havia momentos em que eu achava que não ia mais ter jeito. Mas sempre tive Deus
dentro de mim e, além disso, nunca tive medo, enfrentava tudo. Tinha que ser
esperto para não morrer. Pegar batata para os alemães comerem. As cascas que
eles deixavam a gente recolhia e cozinhava. Dormíamos num galpão onde cabiam
mil pessoas. De manhã, ficávamos em fila, eles olhavam, decidiam quem ia morrer
naquele dia e quem ia trabalhar.
Qual a coisa mais difícil que teve que
fazer para resistir?
Foi no campo de Majdanek, na Polônia.
Os alemães me deram um alicate e mandaram entrar num galpão cheio de judeus
mortos e arrancar os dentes de ouro deles. Andei em cima dos cadáveres. Eles me
ameaçavam com seus cachorros para que eu obedecesse. Achei um judeu vivo que
cochichou: pode arrancar o dente, mas finge que estou morto.
É fato que conheceu Stálin?
Quando os russos chegaram, perguntaram
se eu estava mesmo vivo. Eu me encontrava muito magro e sem forças. A tropa me
levou até Moscou e a Stálin. Ele fez a mesma pergunta: “Estás vivo?” (Risos).
Lá me deram roupa bonita, comida e, a mando dele, fui logo levado a um
internato.
Hoje, no Palácio do Itamaraty,
celebra-se o Dia Internacional em memória às Vítimas do Holocausto, criado pela
ONU e parte dos 450 anos da Cidade do Rio. Eventos assim amenizam a dor?
Recebi o convite. Acho importante, pois
as pessoas não têm de fato ideia de tudo o que passamos. Eu mesmo movi uma ação
e ganha uma pensão do governo alemão no valor de 518 euros por mês (cerca de
R$1.500), mas nada é tão significativo quanto se perder uma família ou ver
tanto sofrimento.
O senhor conta tudo isso com muita
lucidez e não perde o bom humor, o sorriso. Como isso é possível?
Eu tenho fé. Não é uma questão de
religião. É fé mesmo, tenho Deus dentro de mim. Estou tentando sobreviver a
tudo com a maior calma. Sou casado, aposentado, tenho uma vida normal. Isso é
muito bom.
Fonte: O Globo
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